No dia 27 de outubro de 2020 realizamos a Reunião Científica da Medicina do Esporte, um evento organizado mensalmente pelo setor do Centro Médico de Especialidades (CME) da Medicina do Esporte do Hospital Nove de Julho.
Estas reuniões objetivam discutir temas que são comuns às diversas áreas do esporte e do exercício no âmbito de diferentes especialidades.
Os encontros são organizados para os públicos ligados à saúde. Ou seja, costumam participar médicos, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas, enfim, diversos profissionais que atuam no esporte direta ou indiretamente.
Assim, têm como foco abrir uma discussão multidisciplinar, enfatizando os aspectos abordados por cada profissional da área.
Por exemplo, o educador físico aborda a preparação do atleta de alta performance e o fisioterapeuta a recuperação das lesões e prevenção de novos eventos. Além disso, os médicos dão suas contribuições no que se refere ao diagnóstico, tratamento e prevenção.
O intuito destas reuniões mensais é buscar sempre o que tem surgido de melhor na área para tratar nossos pacientes.
Nesta reunião de outubro, discutimos as dores periarticulares dos quadris. O encontro ocorreu no formato de mesa redonda moderna no qual apresentei 3 casos clínicos discutidos por mais 3 profissionais.
Logo após a discussão, fizemos uma atualização dos assuntos com artigos científicos publicados recentemente para melhor acompanhar e tratar nossos pacientes.
E então você deve se perguntar: o que são as dores periarticulares dos quadris?
As dores periarticulares são aquelas que acometem a periferia da articulação, causadas por alguma patologia que podem ou não estar ligadas ao quadril, mas tem nessa região o ponto em comum dos seus sintomas.
Este assunto é bastante amplo e engloba diversas doenças, desde síndromes compressivas na região do quadril, até as tendinites e bursites que são parte da Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter.
Então, algumas patologias podem causar dores periarticulares nos quadris, por exemplo:
- Tendinites;
- Bursites;
- Dor glútea profunda;
- Problemas do trato geniturinário;
- Problemas da parede abdominal.
Dessa maneira, o paciente acometido pode ter um prejuízo do treino e da performance ou pode ter sua reabilitação prejudicada.
Esse olhar do médico para o indivíduo como um todo é fundamental para compreender a causa das dores periarticulares de uma região tão importante como do quadril.
Por que essas dores ocorrem? Quais suas relações com os exercícios físicos?
As dores periarticulares acontecem, geralmente, por um desequilíbrio entre alguns grupamentos musculares ou por inflamação por sobreuso (overuse).
O tipo de esporte também pode influenciar, por exemplo, a Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter costuma ocorrer nos praticantes de corrida.
Já a neuralgia do nervo pudendo é uma Síndrome Compressiva da Região Pélvico-perineal observada em ciclistas, patinadores e levantadores de peso.
Outra dor que se confunde muito com problemas lombares e, na verdade, tem sua origem no quadril é a Síndrome do Piriforme. Nestes casos, o nervo ciático se encontra comprimido na região do quadril pelo músculo piriforme gerando sintomas para o membro inferior. Pacientes com esta condição tem um prejuízo do desempenho esportivo e qualidade de vida.
Considerando que existem relações intrínsecas entre a prática de algumas atividades físicas e as dores periarticulares, é importante que o retorno a estas atividades após a pandemia ocorra com atenção e de forma gradual.
Isso porque, possivelmente, os indivíduos podem estar já há um tempo sem praticar exercícios, aumentando a possibilidade da ocorrência de lesões.
As contribuições da Reunião Científica da Medicina do Esporte
Como principais contribuições do encontro, posso destacar as discussões sobre a importância de colher com detalhes a história do paciente, bem como a necessidade da realização do exame físico para se determinar a origem da queixa.
Discutimos também a importância dos exames complementares para o diagnóstico e conduta nas patologias.
Além disso, tivemos discussões importantes sobre como é feita a reabilitação, em que momento esse paciente pode retornar às atividades esportivas e quais gestos esportivos devem ser modificados para se evitar novas lesões.
A reunião foi muito produtiva e gerou discussões muito ricas, nas quais buscamos uma troca de conhecimentos de modo a aumentar nossa bagagem e oferecer aos pacientes um atendimento cada vez melhor.
